A Região Autónoma da Madeira situa-se no oceano Atlântico, a sudoeste de Portugal Continental e a cerca de 1000 km de Lisboa. Com uma área de 797 km2, inclui as ilhas da Madeira (728 km2) e de Porto Santo (50 km2), e os grupos das Desertas e das Selvagens.
GEOGRAFIA FÍSICA
Relevo
A constituição vulcânica das ilhas determina o seu relevo acidentado, com vales muito profundos e montanhas, cujo ponto culminante, a 1861 m, se encontra no Pico Ruivo. O perfil escarpado da costa, com desníveis superiores a centenas de metros (Cabo Girão, 580 m), constitui outra das suas características topográficas.
Clima
A principal característica climática da Madeira é a amenidade do seu clima ao longo de todo o ano. Apesar desse traço geral, registam-se diferenças apreciáveis entre as encostas setentrional, mais fresca e chuvosa, e a meridional, mais quente e seca, denotando maior influência tropical. As consideráveis diferenças de altitude do interior originam aqui uma maior precipitação e temperaturas mais baixas.
Porto Santo exibe alguns sinais de aridez, com precipitações mais escassas.
Hidrografia
A hidrografia é marcada pelas ribeiras muito declivosas e de regime torrencial, causadoras de frequentes destruições.
Geografia humana
A população da Região Autónoma da Madeira registava, em 1991, cerca de 253 400 habitantes, valor que correspondeu a um crescimento efectivo inferior a 600 habitantes, por comparação com o censo de 1981, facto que correspondeu a uma ligeira supremacia do crescimento natural (cerca de 15 200) face ao saldo migratório negativo (cerca de -14 600).
Apesar da elevada densidade populacional da região (quase 320 habitantes por km2), a distribuição da população mostra uma forte concentração na cidade do Funchal (quase 110 mil habitantes), o que representa cerca de 42% da população de toda a região.
Além do Funchal, as localidades mais significativas, normalmente sedes de município, encontram-se junto à costa e nenhuma atingia, em 1991, 5000 habitantes. Apenas o Funchal e os municípios limítrofes (Câmara de Lobos e Santa Cruz) e , em certa medida, Porto Santo conseguem apresentar crescimentos demográficos positivos, ao passo que a metade ocidental da ilha da Madeira continua a registar quebras populacionais que, entre 1960 e 1991, ultrapassaram os 30%.
GEOGRAFIA ECONÓMICA
A estrutura da população activa da Região Autónoma da Madeira mostrava, em 1991, um predomínio do sector terciário, quer no emprego (45%), quer na participação para a formação do PIB (56%). No que respeita aos sectores secundário e primário, respectivamente com 35% e 20% do emprego, o seu contributo para o PIB regional denuncia uma menor produtividade, pois o sector secundário representa cerca de 29% e o sector primário 15%.
Sector primário
No sector primário, cabe à agricultura o papel fundamental, pois a pesca, apesar do carácter insular deste território, não tem muito significado. O acidentado do relevo, a enorme fragmentação da propriedade e a irregular distribuição da água (transportada das encostas setentrionais por canais chamados levadas) dificultam a modernização da agricultura, que mesmo assim beneficia da diversidade de condições climáticas proporcionadas pela diferença de altitude. Deste modo, encontram-se na Madeira espécies nitidamente subtropicais (bananeiras e cana-de-açúcar), mediterrânicas (vinha, cereais e árvores de fruto) e de climas de altitude (floresta de loureiros e prados).
Sector secundário
No sector secundário, o predomínio vai para a indústria artesanal de bordados e de vimes e para a construção civil, actividades muitas vezes completadas com a agricultura a tempo parcial. Existem também pequenas unidades ligadas ao ramo alimentar. A zona franca do Caniçal tem procurado atrair indústrias diversas para reforço deste sector em termos regionais.
Sector terciário
O turismo constitui, no sector terciário e na globalidade da economia madeirense, a actividade estruturante, não só pelo emprego que representa, como também pelo crescimento que induz noutros subsectores (transportes, comércio, indústria artesanal), além, obviamente, da indústria hoteleira. As actividades off-shore para serviços financeiros têm constituído outro vector importante no sector terciário madeirense. Nos transportes, merece destaque o aeroporto de Santa Catarina, o porto do Funchal e a recente melhoria da rede rodoviária.
HISTÓRIA
Em 1419 chegou ao arquipélago da Madeira o primeiro português, João Gonçalves Zarco. Mais do que uma descoberta a viagem de Zarco foi uma «redescoberta», coincidente com o início do seu povoamento pelos portugueses.
De facto, com toda a probabilidade, o arquipélago da Madeira era já conhecido dos navegadores mediterrânicos do século XIV, pois as suas ilhas figuram em portulanos italianos e catalães dessa época, e com os nomes por que hoje são conhecidas: Porto Santo, Deserte e Legname (Madeira, da vasta florestação da ilha principal).
Em nova viagem ao arquipélago, João Gonçalves Zarco procedeu, por instrução régia, à distribuição das terras insulares, cabendo-lhe o Funchal e atribuindo Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo e o Machico, a Tristão Vaz Teixeira. As três primeiras capitanias madeirenses tornaram-se doações oficiais, a título perpétuo e hereditário, nos anos 40 do século XV. Colonizadas por iniciativa régia, as ilhas passaram a integrar a Casa do Infante D. Henrique a partir de 1433. O sistema das donatarias persistiu até à época pombalina, momento em que a administração ficou sob a tutela de uma única capitania-geral.
Inabitada, sem gado e sem plantas domésticas, a ilha da Madeira foi colonizada a partir do zero, reproduzindo numa pequena área geográfica as estruturas sociais e agrárias de Portugal continental. Assim, a sociedade local dividiu-se em proprietários de condição nobre e colonos que trabalhavam a terra, numa primeira fase em regime de sesmaria e depois em aforramento. Esta forte hierarquização social manter-se-ia ao longo da história madeirense, tendo a propriedade da terra sido vinculada até ao século XIX.
Porto Santo, mal fornecida de vegetação e de água, não oferecia grandes condições para uma cultura intensiva, destinando-se os seus produtos ao consumo local.
Na ilha da Madeira, o trigo foi o primeiro bem a ser exportado, tendo ainda no século XV sido substituído pelo açúcar de cana. O surto do açúcar madeirense fez com que a cana ocupasse grande parte da área cultivada, pelo que a ilha se tornou uma deficitária crónica em cereais desde finais do século XV. A produção do açúcar baixou sensivelmente em finais do século XVI, tendo o vinho ocupado o seu lugar de principal produto da ilha. O vinho da Madeira, vocacionado para a exportação, tornou-se famoso em todo o mundo e o seu comércio caiu nas mãos de negociantes ingleses. A prosperidade do comércio açucareiro permitiu, entre os séculos XV e XVI, um importante crescimento demográfico na Madeira, cuja densidade populacional se tornou muito elevada e concentrada no litoral.
No primeiro quartel do século XVI, o Funchal foi elevado a cidade e a bispado, contando já com cerca de 5000 habitantes. A população nas ilhas continuou a crescer de forma contínua, chegando aos 50 000 habitantes na segunda metade do século XVII. No século XVIII, face ao decréscimo do rendimento agrícola e à pobreza da maioria da população, iniciou-se o fluxo migratório madeirense, em especial para o Brasil.
Situada na rota dos veleiros, a ilha foi um ponto de passagem da rota do cabo nos séculos XVI e XVII e foi alvo apetecido dos ataques de piratas e das armadas francesas, inglesas e holandesas.
Por ocasião das invasões napoleónicas, a ilha foi ocupada por tropas inglesas. Com a participação de Portugal na I Guerra Mundial ao lado dos aliados, o Funchal foi bombardeado por submarinos alemães em duas ocasiões